05 setembro 2016

Relatos da "Gorda" - Parte II



Relatos da "Gorda" - Parte I aqui

Não há como negar, nós temos uma relação de sentimento com a comida. E na maioria das vezes eu sempre me sentia culpada, com receio de que aquilo que eu estava comendo era um alimento ruim, que engorda, aqueles que chamamos sempre de “porcarias” e que não deixa de ser mesmo, daí come, come de novo e continua com fome, e com isso a culpa e a dor na consciência só aumenta. E é tão óbvio que se sentimos culpa, é porque sabemos que estamos ingerindo um alimento que não irá fazer bem, pelo menos se ingeridos como rotina e não esporadicamente como deve ser. 
Eu descobri que a fome que sentia o tempo todo estava associada ao pico de insulina gerado pela excesso de carboidratos, especialmente os farináceos. Sabe aquele pãozinho integral de todos os dias pela manhã, que no meu caso na maioria das vezes ele estava presente no meu prato durante a noite também, pois bem, ele aumenta a taxa de açúcar no sangue tanto ou mais que o açúcar comum, elevando o pico de insulina rapidamente, consequentemente a queda também é muito rápida causando fome rapidamente. Mas não é só o pãozinho não, são todos os alimentos processados, feitos à base de farinha, especialmente o trigo, sendo ele integral ou não.
“Exatamente como a característica viciante dos cigarros foi usada para criar e manter o mercado da indústria do tabaco, a presença do trigo na dieta faz o mesmo com consumidores famintos e indefesos. Da perspectiva do fabricante de alimentos, o trigo é um ingrediente perfeito para alimentos processados: quanto mais você come, mais quer comer.”
Mas como ficar sem o pão, sem o bolo, sem os biscoitos, bolachas, massas sem o trigo nosso de todo dia e até da tapioca? Nessa hora chegou o meu momento de parar e pensar na alimentação com consciência, não como uma dieta nova, mas sim refletir sobre a minha relação com os alimentos. E decidi seguir o caminho focando exatamente no que devo comer e não no que vou deixar de comer, e com isso as possibilidades começam aparecer, e hoje eu como alimentos que não comia de jeito nenhum, que nunca havia experimentado antes e que existe inúmeras possibilidades de alimentos que dão prazer ao comer. 

Não tirei da alimentação os carboidratos refinados e alimentos industrializados de uma hora para outra, isso vai levando tempo para que o organismo possa se acostumar, e não pense que tirei totalmente. Eles simplesmente não fazem mais parte da minha rotina como antes. Eles se tornaram para mim alimentos esporádicos, (não confunda esporádico com final de semana), se é todo final de semana, deixa de ser esporádico e passa a ser rotina.

O mais importante é fazer escolhas saudáveis na alimentação, comendo Comida de Verdade. É esta comida de verdade que faz com que a gente não sinta fome o tempo todo. Identificar no dia dia, ou pelo menos tentar, o que é estar com fome e o que é vontade de comer. 
A boa dica quando se pensa que está com fome é pensar naquele alimento que a gente odeia mas comeria porque está com fome. Se eu perceber que não comeria,  não é fome, é só vontade de comer, essa tática é infalível. E é nessa hora que a consciência precisa falar mais alto. Se estou com fome, sim devo comer comida de verdade e sem fome (apenas vontade) não devo comer. Isso é essencial para manter o peso, respeitar o que o corpo pede e não o que a nossa mente pede.

Hoje eu me alimento de uma forma livre, seguindo a minha fome respeitando sim as minhas vontades também. Eu tenho o controle da comida e não o contrário, eu decido o que comer. E nessa mudança de hábitos descobri também como é muito recompensador ficar um tempo na cozinha e preparar uma refeição saudável, não só porque faz bem, mas por amor próprio e porque sou merecedora de uma refeição prazerosa, saudável e com uma linda apresentação no prato, afinal nós comemos primeiramente com os olhos.

No início é preciso muita sabedoria, disciplina e determinação. Não adianta somente dizer que quer fazer isso, tem que colocar como objetivo de vida, objetivo de vida mais saudável, objetivo de contribuir para uma vida mais longa e com saúde, querer seguir uma alimentação com comida de verdade por amor próprio, seguir uma dieta para a vida e poder se sentir bem com a gente mesmo. 

E com essa mudança nos hábitos alimentares, as vezes eu paro para pensar e nem eu acredito que eu não me lembro daquele pãozinho que eu comia todos os dias como se fosse promessa, e quando me lembro não só do pão, mas de outros alimentos que deixaram de fazer parte da rotina, e tenho vontade de comer de novo, o prazer ou não (porque as vezes você nem consegue mais comer determinado alimento) de comê-lo esporadicamente dá uma sensação muito melhor, muito mais prazerosa. Isso tudo afirma que eu estou no controle e tenho a consciência que a responsabilidade é sempre minha, que não preciso seguir uma dieta com cardápio pronto, é tão mais fácil comer comida de verdade do que ficar escolhendo produtos, light, diet, sem açúcar que são alimentos industrializados, que só prejudicam a minha saúde e enriquece cada dia mais a indústria alimentícia e farmacêutica.

Desisti da dieta do cardápio pronto, com metas e horários para comer, porque não dá para seguir a vida inteira e foi a melhor coisa que fiz na vida. E com o tempo a gente descobre sozinha que finalmente é possível apreciar e saborear meu bolo de nozes, sem nenhuma culpa, sem neura, sem lamentações e ainda assim ser saudável e com o peso que o meu organismo pede e precisa pra ser muito mais saudável.

Para se aprofundar no assunto esses livros são incríveis:
- Dieta da Mente - Dr . David Perlmutter
- Barriga de Trigo - Willian Davis 
- Por que engordamos e o que fazer para evitar - Gary Taubes

Referências:
Citação do Livro: Barriga de Trigo - William Davis

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